AGENTES INFECCIOSOS
Febre viral hemorrágica (FVH)
Definição
É uma infecção aguda por transmissão directa e viral dos seguintes vírus: vírus de Lassa, arenaviridea arenavírus, Marburg o filoviridea originário dos macacos da Uganda. Ebola, filoviridea filovírus originário do Zaire e Bunyaviridae bunyavírus do Congo. Por serem vírus muito contagiosos, distinguem-se do vírus da febre amarela, Dengue e vale do Rift que são transmitidos por insectos vectores.
A FVH não é exclusiva de África: o Hantavírus é coreano, ataca os rins e pulmões, pode matar em uma semana provocando hemorragias. O morbilivírus, é australiano ataca os pulmões e provoca a morte, Junin argentino, é anti-coagulante e dissolve a parede dos vasos, Machupo boliviano, é transmitido por ratos e mata 30% dos pacientes. O vírus Guanarito é venezuelano, apresenta os mesmos sintomas do Ebola e a percentagem de mortes é elevada.
Causas
O risco de transmissão é a principal causa e é elevado no curso avançado da enfermidade viral, quando o doente apresenta vómitos, diarreia e hemorragias. alguns dias depois dos sintomas clínicos Nos filovírus a transmissão é também sexual.
São os seguintes os factores de transmissão: uso de material médico contaminado (seringas agulhas)Manipulação de produtos orgânicos humanos ou animais contaminados (sangue, urina, vómitos fezes e biopsias, saliva, suor e lágrimas). Contacto sexual. (sémen ou secreção vaginal), carne contaminada. Os vírus atacam a parede dos vasos sanguíneos e artérias, provocando hemorragias muito graves. Aerossóis de gotículas de produto biológicos contaminados, projectados no ar a uma distancia curta e entrando em contacto com uma mucosa.
Sintomas
O período de incubação varia de alguns dias a três semanas no máximo, apresentando: febre alta, acompanhada de um estado gripal pouco especifico que se complica nos casos graves, com hemorragias e trombopénia (plaquetas baixas). A duração da doença é de 6 a 10 dias nos casos mortais.
Nas febres a vírus Ebola, o sintoma principal é dor abdominal, associada a diarreias sanguinolentas. Estas infecções levam o paciente à exaustão e morte.
Prevenção
Deve-se estabelecer uma definição abrangente e restritiva afim de evitar uma epidemia. O Center for Disease Control and Prevention dá as seguintes directrizes:
Paciente febril com ou sem outros sintomas, decorridas menos de 3 semanas numa zona suspeita de epidemia ou endémica em África equatorial e apresentando um dos critérios seguintes: contacto com pacientes de FVH ou com seus líquidos biológicos e fezes. Contacto com animais e seus líquidos biológicos e fezes, hemorragias ou estado de choque sem explicação.
Nestes casos as medidas imediatas devem ser as seguintes:
Isolamento em quarto individual até mais ou menos três semanas depois do contacto infeccioso, até à exclusão do diagnóstico, ou ainda a confirmação da exclusão de um outro sintoma.
Transferência para um centro equipado com material de segurança e desinfecção.
Declaração imediata às autoridades sanitárias
Todo o pessoal do hospital deve estar preparado e devidamente avisado do risco de contágio
Os desinfectantes eficazes para o vírus são: oxidantes, aldeídos, derivados fenólicos.
Uso de material descartável para se proceder à incineração.
Utilização de mascaras e óculos protectores.
Transmissão por aerossóis nos laboratórios (abertura de tubos com amostras de produtos biológicos)
Análises como transaminases creatinina hemogramas devem ser avaliadas caso a caso e limitar o seu pedido
A recolha e transporte de produtos contaminados, devem ser orientados por laboratórios de nível 4 que seguem todos os requisitos técnicos de alta segurança.
Que fazer quando há um acidente
Quando por acidente houve exposição muco cutânea ou percutânea de líquidos biológicos, deve-se imediatamente lavar com abundante água e sabão seguida de um desinfectante. Em se tratando dos olhos lavar com jactos de soro fisiológico ou água. Estas pessoas devem ser consideradas de risco elevado de contágio e seguidas.
Risco de importação através de turistas ou técnicos de Saúde
Quando a zona não é endémica o risco é quase nulo. Em se tratando de uma zona endémica ou epidemica, a transmissão é directa e faz-se através do contacto sexual ou líquidos biológicos. Como acima foi descrito, existem zonas endémicas espalhadas pelos vários continentes. Todos os turistas e técnicos de saúde, devem tomar medidas de profilaxia e higiene. Aos turistas aconselha-se a evitar zonas de alto risco.
Tratamento
Não há tratamento específico, usa-se o mesmo tratamento para o vírus de lassa, como a ribavirine que é eficaz para este vírus. O interféron assim como outros anti-virais estão em fase experimental.
Diagnóstico
È feito em laboratórios especializados de nível 4 com o isolamento do vírus e pesquisa de marcadores de antigénios e anticorpos. O diagnóstico diferencial de doenças menos mortais como o paludismo deve ser considerado e prioritário.
Considerações técnicas
Existem laboratórios especializados de nível 3 que estão equipados com roupas especiais e o acesso é controlado, estes laboratórios, destinanam-se a estudar vírus menos perigosos: Para vírus de alta virulencia são necessários laboratórios de biosegurança do nível 4 com entrada de portas duplas, roupas espaciais, ar reciclado e chuveiro de descontaminação. Só existem 3 em todo o mundo.
Vírus da febre do vale de Rift
Este vírus foi identificado em 1930 no Quénia nas ovelhas no vale de RIFT e manifestou a sua virulência em 1997 quando no Egipto infectou 200 mil pessoas matando 600.Este vírus tem provocado surtos em toda a África. No ano 2000, uma epidemia atingiu a Arábia Saudita e Iémen provocando um número elevado de mortes.
Nas ovelhas, o vírus provoca abortos e mortes. No homem, encefalites, cegueira e febre hemorrágica. A mortalidade é de 10%. É um arbovírus possuindo RNA como material genético. Apresenta altas taxas de mutação e é possível que essas mutações tenham sido a causa da epidemia de 1977. As mutações no Genoma podem ser drifts (pequenas) ou shifts (grandes)
É transmitido pelos mosquitos: culex, Aedes, e Mansonia
Agentes infecciosos da ordem de grandeza dos milimicrons
1-Priões (vírus lentos)
São agentes infecciosos incompletos compostos só por proteínas.
Têm poder patogénico semelhante aos verdadeiros vírus.
Causam encefalopatias transmissíveis ao homem e animais. As enfermidades mais conhecidas são a doença
Creutzfeldt-Jakob (doença das vacas loucas) e a síndrome de Gerstmann-Strassler, nos animais o kuru e a Scrapie Priões conhecidos
Scrapie
Kuru
Creutzfeldt-Jakob
Leucoencefalopatia multifocal progressiva
Panencefalite escloresante subaguda
2-Vírus
São microorganismos completos da ordem de grandeza dos milimicrons capazes de ocasionar enfermidades infecciosas no homem.
Contem um só tipo de ácido nucleico ADN ou ARN, que podem ser mono catenário ou bicatenario, fechado dentro de uma cápsula; a cápside. Possuem uma envoltura lipídica que pode originar-se na célula hospedeira.
Utilizam mecanismos bioquímicos do hospedeiro para se multiplicarem. Para penetrar na célula do hospedeiro e se multiplicarem podem necessitar de enzimas proteolíticos, perdendo a sua cápside.
Para sintetizarem péptidos usam energia, o ARN mensageiro e os ribosomas do hospedeiro. Os péptidos víricos são reconhecidos como antigenios, o que ajuda a sua identificação e classificação.
FVH